Estou na equipe do hospital desde 2017 e a história que mais me marcou foi a de uma paciente obesa que também tinha problemas psiquiátricos. A gente percebeu que não tínhamos roupa que servisse nela: nem camisola, nem pijama.
Essa paciente estava bem triste porque queria circular pelo hospital, mas estava restrita ao leito porque não havia roupa que servisse nela.
Uma camareira pediu que nós, costureiras, fôssemos ao leito dar uma olhada na paciente. Em princípio, a nossa ideia era usar duas camisolas, mas quando a gente chegou lá, decidimos inovar.
Pegamos tecidos de sobra do enxoval e fizemos uma camisola personalizada para o tamanho da paciente.
A gente fez e ela ficou muito feliz! Começou até a dançar nos corredores do hospital, o que foi muito gratificante para gente, né?
Do mesmo jeito uma coisa tão pequena a deixou feliz, para nós, foi muito mais motivo de alegria por ver que fizemos o dia de uma pessoa melhor. Isso me marcou muito.
A partir desse acontecimento, passamos a incluir no enxoval o tamanho especial para suprir a necessidade de pessoas obesas. Era realmente uma peça que faltava e continuamos a produzir até hoje.
Nós pegamos os tecidos que estão bons para serem reutilizados e fabricamos as camisolas, bermudas e blusas.
Pensar que quando não tinham essas peças, os pacientes ficavam cobertos com lençol, ou então usávamos duas camisolas uma para trás e uma na frente… Fica desconfortável!
Ontem mesmo chegou um paciente no quinto andar e não tinha roupa para ele. Fomos acionadas, tiramos as medidas dele e fizemos peças personalizadas.
Eu acredito que é uma iniciativa gratificante para o paciente porque ele vai sentir acolhido não só pelo médico, pelo técnico em enfermagem, pela enfermeira, mas até mesmo pela equipe da rouparia.
Aqui, a gente quer acolher o paciente em todos os lados e eu acredito que o nosso trabalho é um pontinho até para melhora do paciente, nem que seja no ânimo.
Trabalhar no SUS é uma escola para mim, um autoaprendizado contínuo porque a gente vê pessoas de todo jeito, de todo canto e percebe que a vida é tão boa!
Isaura Santos