Com 80 leitos de CTI, Hospital reduziu em 39% o tempo na fila de espera por um leito de terapia intensiva entre 2017 e 2019
Uma visita surpresa emocionou a equipe do Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro (HMDCC). O vendedor Valério Santos D´avila, de 61 anos, foi à unidade de saúde agradecer à equipe assistencial do CTI e enfermaria pelo cuidado recebido durante 43 dias de internação no início deste ano. “Estou me sentindo tão bem”, descreveu ao reencontrar médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e equipe multiprofissional.
“O meu desejo era vir aqui para mostrar a todos que tiveram participação na minha recuperação que eu estou bem”, relata. Valério tem poucas lembranças do tempo que passou no CTI, foram 30 dias, mas diz que “ficou entre a vida e a morte”. “Meus rins pararam de funcionar, tive duas paradas cardiorrespiratórias, parei de respirar, fiz traqueostomia”, detalha. Hoje, afirma estar quase 100%: “Sinto-me recompensado, esse Hospital é fantástico. Só tenho a agradecer a todos que colaboraram com a minha recuperação e a Deus pela minha vida”.
Funcionando com 80 leitos de CTI desde dezembro de 2017, o Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro ajudou a reduzir o tempo de espera por um leito de terapia intensiva em 39%, de acordo com a Central de Internação da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte. Antes da abertura total de leitos, o tempo de espera era de 2,25 dias (ou 54 horas). Dados da Central de 3 de outubro de 2019, mostram uma queda de 39%: atualmente o tempo de espera é de 1,37 dias (ou 33 horas).
Ainda segundo a Central de Internação da Secretaria de Saúde de BH (CINT-BH), o Hospital Dr. Célio de Castro é o segundo da capital que mais recebeu transferências no período de janeiro a setembro de 2019, foram 1.559 pacientes ou 23,08% de toda a demanda da CINT-BH.
Éber Assis dos Santos Júnior é médico regulador da CINT-BH e um dos responsáveis pela avaliação dos pedidos de internação de terapia intensiva. “O que a gente vivencia de 2017 para cá é que, apesar do aumento no número de pedidos por leito de CTI, conseguimos atender muito mais casos”, afirma.
Gerente da linha de cuidado ao paciente crítico, o médico Luidy Cardoso explica que 100% dos leitos de CTI do Hospital Dr. Célio de Castro são regulados pela CINT-BH para atender às necessidades do município e da Grande BH. “Nós temos em média 10 altas por dia. Ou seja, 10 vagas para atender à demanda da CINT diariamente”, reforça.
Entre janeiro e setembro de 2019, a média de admissões no CTI do Hospital é de 352 pacientes ao mês. Esses pacientes chegam transferidos pela CINT-BH de Unidades de Pronto Atendimento ou de Hospitais ou são demandas internas do próprio Hospital. “A nossa média de permanência gira em torno de seis dias, o que significa que um paciente, quando entra no nosso CTI, fica internado por 6 dias”, afirma Luidy Cardoso.
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Reconhecimento
Para além de suprir a demanda por leitos de terapia intensiva na capital mineira e região metropolitana, a qualidade assistencial e a segurança do paciente são as premissas que norteiam o trabalho da equipe de profissionais do Hospital Célio de Castro.
Por essa razão, histórias como a de Valério são estímulos que mantêm os profissionais com a certeza de que estão no caminho certo. “Geralmente os pacientes não têm muita ideia do quão grave eles chegam aqui. Portanto, fico muito feliz com esse reconhecimento, é um sinal de que não ficou nenhuma ressalva à passagem dele por aqui e esse é o mais importante reconhecimento que uma equipe de profissionais de saúde pode receber”, afirma Luidy Cardoso.
O técnico em enfermagem Renan Afonso Dias se emocionou ao reencontrar o ex-paciente e, entre lágrimas, risos e abraços, ficou com a certeza do vínculo que marcou a história de ambos.
“No primeiro dia do Valério no Hospital lembro que ele não tinha noção do porquê estava no CTI, lembro de ele me tratar com impaciência e de eu precisar acalmá-lo. O que mais ficou entre nós foi uma relação aberta e franca, que gerou respeito e confiança. Foi um período de olho no olho, explicando tudo o que estava acontecendo, todos os procedimentos. Temos que pensar que quem está do outro lado não é uma máquina, mas um ser humano”, acredita Renan.
Silvia Alves Ribeiro, também técnica em enfermagem, conta que, para ela, a história de Valério é inesquecível porque ele foi o seu primeiro paciente no Hospital Dr. Célio de Castro. A profissional passou a integrar a equipe em fevereiro, mês em que o paciente foi admitido. “Para nós, o agradecimento do Valério é resultado do bom atendimento que ele recebeu. Fiquei muito feliz com essa gratidão, de ele ter um gesto de carinho com as pessoas que cuidaram dele”, diz.
Acompanhado do filho, Lucas Amaral D´avila Drummond, de 28 anos, Valério visitou também a enfermaria onde esteve internado após a alta do CTI. Lá também se reencontrou com pessoas singulares para a sua história e, além de recordar episódios da internação, pôde afirmar pessoalmente a todos e todas que cuidaram dele: “gratidão não tem preço”.
Alta tecnologia
O CTI do Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro atende paciente adulto clínico e cirúrgico e é o primeiro da Rede SUS de Belo Horizonte a ter prontuário eletrônico totalmente sem papel.
Luidy Cardoso, gerente do CTI, destaca como diferenciais da assistência prestada os leitos de estabilização. “Dos 80 leitos de CTI, seis são de estabilização. Todo paciente entra no nosso CTI por esses leitos onde recebe atendimento imediato de equipes experientes em terapia intensiva com foco no melhor atendimento inicial para, depois dar seguimento ao tratamento”, cita.
Além dos leitos de estabilização, Luidy Cardoso cita também o Código Azul. “O CTI presta atendimento a paradas cardiorrespiratórias ou suspeita de parada fora na Unidade de Terapia Intensiva. Isso significa que temos uma equipe com um médico, um enfermeiro, um fisioterapeuta e um técnico em enfermagem com equipamento do CTI que se desloca por todo o Hospital”, explica.
Atuação multiprofissional
Fonoaudióloga do Hospital Dr. Célio de Castro, Luiza do Carmo Costa integra o quadro de profissionais do CTI e afirma que a atuação em equipe multiprofissional beneficia muito o paciente. “Diariamente realizamos corridas de leito com a presença de médico, enfermeiro, farmacêutico, nutricionista, fisioterapeuta e fonoaudiólogo. O nosso objetivo é que o paciente saia daqui da melhor maneira possível, da maneira mais próxima como ele era antes de entrar no Hospital”, diz. Para ela, a atuação multiprofissional favorece a estabilização do quadro e a alta segura do paciente.
Infraestrutura
Outro diferencial é o transporte de medicamentos e insumos para o CTI, que é feito via sistema pneumático e garante mais agilidade ao atendimento. O sistema funciona como um elevador propulsionado por ar comprimido e é capaz de entregar em qualquer área assistencial do Hospital material para exames e medicação que são colocados dentro de cápsulas.
Os 80 leitos são divididos em oito blocos, cada um com dez. Todos os leitos estão em um boxe isolado para evitar a transmissão de infecções relacionadas à assistência.
Além disso, em cada um dos blocos de CTI do Hospital existe um leito chamado ‘isolado respiratório’, com banheiro próprio, para ser ocupado por pacientes com doenças de transmissão via área como tuberculose ou H1N1, por exemplo. Essa tecnologia não permite a mistura do ar entre o ambiente interno e o externo.
A humanização é um dos valores do HMDCC e, por isso, a visita ao CTI é ampliada e não com horário marcado, prática comum de muitos hospitais. Das 11h às 20h30 o paciente internado pode receber visita.
Em cada um dos blocos de CTI, três leitos foram projetados para ter vista e permitir que o paciente consciente tenha noção do passar do tempo da internação, fator importante para a saúde emocional e física.
A equipe multidisciplinar do Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro é composta de médicos, enfermeiros, psicólogos, assistente social, fonoaudiólogo, nutricionista, fisioterapeuta, farmacêutico e terapeuta ocupacional.