José Santana, Josias José Santana e Georgia Silveira, assistente social
Quando Josias José Santana, 51 anos, deu entrada no CTI do Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro (HMDCC) em 4 de julho de 2022 pouco se sabia sobre ele.
Na AIH, a Autorização de Internação Hospitalar, o endereço fornecido era o da UPA, da qual o paciente vinha transferido.
Naquele instante, a quase 700 km de distância de BH, em Espinosa, Minas Gerais, Dona Maria Francisca dos Santos, 88 anos, não poderia imaginar que um desejo antigo estava prestes a se realizar.
Como hoje, por 20 anos, naquele dia, Dona Maria, esperava por Josias.
O rumo dessa história começou a mudar quando a equipe de Serviço Social do HMDC entrou em cena para investigar quem era aquele paciente não identificado que chegava ao hospital.
A busca por pistas havia começado e o primeiro passo foi acionar o Instituto de Identificação. Com o nome em mãos, novas informações foram sendo acumuladas como a cidade de nascimento de Josias e a cópia da certidão de nascimento enviada pelo cartório do município na fronteira com a Bahia.
Nos primeiros dias de internação, Josias não conseguia falar e a comunicação com a equipe era feita com anotações em papel. Aos poucos, ele foi melhorando e fornecendo nomes de parentes.
Josias deixou Espinosa com o irmão, José Santana, 58 anos, rumo a São Paulo, para trabalhar na construção civil. Um dia ele desapareceu e não deu mais notícias.
“Minha mãe sente muita saudade”, afirma José que está no HMDCC para acompanhar o irmão de volta para casa. “Espero que ele fique com a gente até Deus levar. Espero que não saia mais de lá. Espero que minha mãe possa cuidar dele e que ele cuide dela também”, diz.
Mãe de cinco filhos e três filhas, Dona Maria, espera, hoje, como há 20 anos, por Josias.
Josias não quer esperar. “Se fosse para ir agora, eu ia”. E, dessa vez, ele irá.
“A sensação é de dever cumprido. Muitas pessoas em situação de rua não querem retornar para suas casas. Dos que querem, muitos não são aceitos de volta. Esse reencontro me faz sentir que todo o trabalho valeu a pena.”, afirma a assistente social, Georgia Silveira que trabalhou para esse final feliz.