Alexandre Rodrigues Ferreira, gerente de atenção à saúde do Hospital das Clínicas da UFMG, Maria do Carmo, diretora executiva do Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro, Alzira de Oliveira Jorge diretora geral do Hospital Risoleta Tolentino Neves, e Taciana Malheiros, secretária municipal adjunta de saúde de Belo Horizonte(Foto: Olavo Maneira)
Nesta segunda-feira, 9 de dezembro, o Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro (HMDCC) recebeu grandes nomes da saúde pública nacional e mineira no Seminário ‘Diálogos Sobre o Hospital Contemporâneo’, realizado pelo Observatório de Políticas e Cuidado em Saúde e pelo Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais.
Representando a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, a secretária municipal adjunta de saúde, Taciana Malheiros Lima Carvalho participou da mesa de abertura do evento ao lado de gestores dos quatro hospitais apoiadores da iniciativa: Maria do Carmo, diretora executiva do Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro, Alzira de Oliveira Jorge diretora geral do Hospital Risoleta Tolentino Neves, Ana Augusta Pires Coutinho, diretora de apoio à assistência do Hospital Metropolitano Odilon Behrens, e Alexandre Rodrigues Ferreira, gerente de atenção à saúde do Hospital das Clínicas da UFMG.
“É importante pensar o Hospital contemporâneo para além dos próprios muros, integrado à atenção especializada e à atenção primária na perspectiva da clínica ampliada que considera a dimensão social do cuidado ao usuário”, afirmou a secretária Taciana Malheiros.
Professor do Laboratório de Saúde Coletiva do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o ex-ministro da saúde Arthur Chioro, o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ex-secretário estadual de saúde de Minas Gerais e ex-secretário da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Fausto Pereira dos Santos, e o secretário municipal de saúde de Pedro Leopoldo, Fabrício Henrique Santos Simões fizeram uma análise da conjuntura atual do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Quem tem plano de saúde, quem paga consultório particular, usa o SUS para o que ele tem de mais caro: pega medicamento de alto custo no SUS, faz transplante pelo SUS, faz hemodiálise pelo SUS, faz hemodinâmica pelo SUS e larga a conta dentro dos hospitais. Os outros 210 milhões de brasileiros que não são beneficiários de planos de saúde são obrigados a conviver com 43% do valor do PIB da saúde. Vivemos uma perversidade e acho que a sociedade brasileira terá que se defrontar com essa realidade”, observou o professor Arthur Chioro.
A diretoria executiva do HMDCC, Maria do Carmo, participou do segundo painel que abordou os modelos de gestão atuais e a sustentabilidade dos hospitais. Ela apresentou a experiência da Parceria Público Privada do Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro e o modelo Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares). Participaram com ela do painel, Dagmar Dutra, diretora administrativa do Hospital Risoleta Tolentino Neves, e o ex-secretário municipal de saúde de Belo Horizonte, pesquisador da Fiocruz Minas e consultor da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais, Helvécio Miranda Magalhães Júnior.
“Existe hoje uma diversidade de modelos alternativos à administração direta para administrar hospitais públicos. A centralidade da operação desses modelos deve estar na defesa do bom uso dos recursos com resultados para os usuários. Mas nenhum modelo prescinde da solução das fontes e volume de recursos para o financiamento dos hospitais, o que hoje se constitui em um dos principais problemas da gestão, com consequências na assistência”, pontuou a diretora executiva do HMDCC, Maria do Carmo.
Outros dois temas foram pauta de discussão no Seminário: a micropolítica do hospital, que problematizou os desafios emergentes em relação à gestão cotidiana nas instituições de saúde, e, por fim, a inserção dos médicos nos novos modelos de gestão na perspectiva da autonomia profissional e da adesão x resistência ao projeto institucional.
Professor do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Paraná e ex-secretário municipal de saúde de Curitiba, Adriano Massuda integrou, como convidado, a discussão do último painel. Para ele, trata-se de tema complexo e desafiador já que não se pode falar “de um todo homogêneo do trabalho médico”.
“Acredito que o caminho passa pela discussão do que é idealização versus o que é real para que possamos pensar em movimentos de mudanças com foco em produzir saúde com maior qualidade. O grande desafio é pensar o papel do hospital no sistema de saúde e pensar as relações que o hospital estabelece com as diferentes categorias de trabalhadores. Esse momento nos exige rever nossos referenciais, reconhecer os nossos limites e olhar para experiências que deram certo (e que não deram cerro) no mundo”.
A próxima edição do Seminário será realizada em maio de 2020 no Rio de Janeiro.