Alcione Da Mata, enfermeira do Núcleo de Segurança do Paciente
Com foco na alta segura, o Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro, um dos hospitais da Rede SUS-BH que presta atendimento a pacientes com suspeita ou confirmação de COVID-19, implementou a rotina de telemonitoramento dos pacientes que passaram pelas alas de isolamento respiratório. “O nosso objetivo é oferecer o cuidado continuado pós-alta reforçando as orientações para o isolamento domiciliar, esclarecendo dúvidas e detectando algum sinal ou sintoma de piora clínica”, explica a coordenadora do Núcleo de Segurança do Paciente (NSP), Fernanda Azzi.
Todo paciente que é admitido no hospital com suspeita ou confirmação de COVID-19 e recebe alta para isolamento domiciliar é contatado duas vezes pela equipe do NSP via telefone para monitoramento. A primeira ligação ocorre no intervalo entre o quinto e o sétimo dia do início dos sintomas e, a segunda, entre o 10º e 14º dia dos sinais da doença. “Esses tempos são determinados pela evolução clínica da doença. A segunda semana, ou seja, a partir do sétimo dia do início dos sintomas, é o período em que pode ocorrer a piora clínica do paciente e, com 14 dias, o esperado é a recuperação do paciente”, explica a médica infectologista e responsável técnica pelo Serviço de Controle de Infecção Hospital do HMDCC, Mariana Melo.
A dona de casa Odila da Conceição de Abreu, de 70 anos, foi admitida no Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro no dia 22 de maio. No dia 28 já estava em casa. Ela conta que foi surpreendida pela equipe: “no dia seguinte que saí do hospital me telefonaram de lá. Queriam saber como eu estava, se me sentia bem… Passaram-se mais dois dias e me ligaram de novo. Fui muito bem atendida e muito bem cuidada”.
Curada, Dona Odila relembra o susto que levou ao receber o resultado positivo para COVID-19. “Eu estava com uma dor nas cadeiras, achando que era rim, mas era essa doença aí. Estou bem, graças a Deus. O meu corpo estava com coronavírus, mas minha mente não aceitou a doença. Não tive nada disso que eles falam na televisão. Fiz o isolamento domiciliar, fui orientada direitinho e ninguém da minha família pegou. Moro eu, meu marido e um filho”, relata.
Bons resultados
Enfermeira do Núcleo de Segurança do Paciente, Alcione Da Mata é responsável por fazer as ligações para os pacientes. Ela diz que tem sido um trabalho gratificante, não só pela relevância, mas também pelo retorno positivo dos pacientes. “Muitos me dizem que nunca tinham recebido uma ligação como essa, eles relatam que se sentem seguros em receber esse cuidado, esclarecem dúvidas, agradecem à equipe. A gente sabe que o hospital é um ambiente mais tenso. Em casa, percebemos que o paciente assimila melhor as informações por estar mais tranquilo. Trata-se também de humanizar o atendimento dando segurança ao paciente para ir para casa mantendo o acompanhamento especializado”, relata.
A enfermeira conta que o telemonitoramento dos pacientes COVID-19 foi iniciado em 9 de abril. “Já são três meses de trabalho e, nesse período, apenas 5,16% dos pacientes monitorados apresentaram recorrência de sintomas. Nos casos de piora clínica significativa, eles são devidamente orientados a procurar um serviço de saúde e nós ligamos novamente para acompanhar o caso”, observa. Apesar de o Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro não ter pronto-socorro, tem uma estreita articulação com os demais serviços de saúde da Rede SUS-BH. Assim, em caso de necessidade de reinternação, o paciente retorna ao Hospital.
Diretora assistencial, de ensino e pesquisa, Yara Barbosa destaca o caráter inovador do telemonitoramento de pacientes COVID-19. “Os pacientes de enfermaria, em sua grande maioria, apresentam sintomas leves da doença e ficam pouco tempo internados. No entanto, sabemos do comportamento da doença e dos períodos prováveis de piora. Por isso, continuamos cuidando do paciente em casa mesmo ele não estando mais no hospital. Os resultados nos mostram que as altas foram coerentes, o que dá segurança para a equipe. Para o paciente, garantimos um cuidado integral mesmo no isolamento domiciliar. A nossa intenção é que esse trabalho seja objeto de pesquisa para que possamos conhecer melhor o comportamento do vírus”, analisa.