
Trabalho no Hospital Célio de Castro desde quando ele abriu e sou encarregada de higienização hospitalar. Iniciamos esta história com 49 leitos, em 2015, e hoje estamos com 460.
Para mim, é gratificante ter presenciado a ampliação total do hospital, em dezembro de 2017, que significou atender mais pessoas. É mais serviço? Sim, mas para mim é muito bom ver uma maior quantidade de gente sendo atendida aqui. Vejo a nossa evolução dia após dia e acredito que a tendência é evoluir cada vez mais!
São muitos encontros e acontecimentos, mas a história que mais me marcou aqui dentro do hospital foi quando os familiares de um paciente colocaram uma faixa na nossa fachada em que parabenizavam a equipe de higienização hospitalar, elogiando o serviço prestado, o bom atendimento.
Foi quando todos, não só a equipe de higienização, mas todas as outras pessoas do hospital puderam ver o elogio nessa faixa.
Para mim, o significado dessa faixa é que o serviço que fazemos é visto e bem visto. Tenho orgulho da minha profissão, ainda mais quando sei que ajudo diretamente com o meu trabalho na saúde do paciente dentro do hospital.



O paciente, ele não depende só do médico para a recuperação da sua saúde, ele precisa de um ambiente limpo, livre de contaminação, de uma limpeza eficaz que contribua para a saúde dele.
A gente, da limpeza, vive aqui em torno disso: a recuperação total do paciente. Procuramos sempre dar o melhor da gente para proporcionar um ambiente limpo e agradável a todos.
Vejo que após a Covid-19 o serviço da equipe de higienização ficou mais em evidência, ganhamos importância. Antes da pandemia, as pessoas achavam que o nosso trabalho era como se fosse uma limpeza comum, do dia a dia.
Ainda é verdade que a mulher desempenha mais o trabalho de limpeza do que o homem. É algo que começa em casa e se expande para o mercado de trabalho. É como se fosse um princípio: é a mulher que deve realizar a limpeza doméstica.
A força de trabalho das mulheres na equipe terminal – que é quem higieniza os leitos onde os pacientes ficam internados – é de 90%. Sinto quepara as pacientes que são mulheres é desconfortável um homem entrar para realizar a limpeza. Eles são mais designados para áreas comuns, vestiários, locais com menos contato com os pacientes. É comum, inclusive paciente homem, não se sentir confortável com outro homem limpando o quarto onde pode ocorrer um banho de leito, uma troca de roupa…
É algo que vai demorar para mudar.
O que eu mais gosto de trabalhar aqui no Hospital Célio de Castro são as pessoas, a cordialidade que tem aqui dentro, a união, a empatia, a educação. E o mais desafiador é lidar com coisas inesperadas que não é possível nem planejar, como foi a pandemia.
Aprendemos muito, a lidar com diversas situações, pessoas e histórias, mas aprendi também que o Sistema Único de Saúde é para todos, independentemente de situação financeira e isso me orgulha muito.
A lição de vida que meu trabalho me proporciona é a importância de cuidar da própria saúde. Reconhecemos o verdadeiro valor da saúde quando estamos na cama de um hospital.
Silvia Valéria de Sousa Santos.