Foi publicado na última sexta-feira, 19 de agosto, um estudo da Fiocruz Minas em parceria com o Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro (HMDCC) que constatou que a vitamina B12 atenua a infecção causada pela Covid-19.
Coordenador da pesquisa, o biólogo Roney Coimbra destaca o papel fundamental do HMDCC para viabilização do estudo que repercutiu na imprensa nacional. “Batemos de porta em porta em diversos hospitais públicos e privados com sucessivas negativas e foi a parceria com o HMDCC foi o que viabilizou o projeto” recorda-se.
Feliz com a repercussão do trabalho, Roney Coimbra diz que os resultados já foram divulgados em mais de 115 veículos de imprensa, dentro e fora do Brasil. “Trata-se de uma ideia simples, de um modelo que não oferecia nenhum risco para o paciente, já que os testes eram feitos fora do organismo, com amostras de sangue. Espero que agora a gente consiga os recursos financeiros necessários para os passos seguintes”, afirma.
As expectativas são as melhores. Se os resultados se confirmarem em estudos pré-clínicos e clínicos, pode ser uma alternativa terapêutica ao tratamento da Covid-19. “Esse é nosso objetivo, contribuir para o tratamento, com um fármaco seguro, usado há quase um século, barato e amplamente disponível”, reforça.
Roney Coimbra conta que já recebeu o convite para replicar o estudo em animais que deve ser iniciado no segundo semestre de 2022. “Já temos a comprovação laboratorial e o conhecimento do mecanismo da ação da vitamina B12”, explica. No entanto, antes que a B12 possa ser usada com segurança para o tratamento dos pacientes com Covid-19, ainda é necessária a realização de um estudo clínico, ou seja, diretamente no organismo humano.
Rigor científico
Sobre a parceria com o HMDCC, o coordenador da pesquisa é só exaltação. “Eu só tenho elogios e gratidão em relação à equipe do HMDCC. O rigor e a qualidade do trabalho da equipe que fez o recrutamento de pacientes são de uma significância estatística incontestável. Mostra o rigor científico e o preparo do HMDCC para trabalhar em projetos de pesquisa”, finaliza.
Responsável técnica do Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão do HMDCC, Saionara Francisco afirma que projeto de pesquisa casou com os objetivos do HMDCC: “ser excelência como campo de pesquisa em saúde e contribuir para resolução de um problema relevante para a sociedade, neste caso a Covid-19”.
Na época em que o projeto foi apresentado ao HMDCC, Saionara conta que “o estudo pareceu promissor, devido ao rigor metodológico e ao embasamento científico observado na construção da hipótese. Outro ponto apreciado foi o bom custo-benefício para a saúde pública, caso o uso da vitamina B12 se mostrasse significativo para o tratamento da doença”, conclui.
Além de Saionara Francisco, atuaram diretamente no estudo as biomédicas Cristianne Goes Cardoso e Barbara Virginia Oliveira Prado.
A pesquisa
A pesquisa comparou amostras de sangue de pacientes hospitalizados no HMDCC com as formas grave e moderada da doença com amostras de sangue de pessoas saudáveis (voluntários sem Covid-19).
Segundo o pesquisador, foram analisados a expressão de todos os genes pelas células de defesa, os leucócitos, em cada um dos grupos. Essas análises mostraram que os pacientes com Covid-19 tinham expressão alterada de muitos genes, embora estivessem em tratamento com corticoides há cerca de 11 dias. Com a introdução da vitamina B12, a expressão dos genes inflamatórios e de resposta antiviral dos pacientes se aproximou à dos indivíduos saudáveis, mostrando a eficácia da vitamina para o controle da inflamação.
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