Outubro é o mês em que se celebra o Dia Mundial dos Cuidados Paliativos, sempre no segundo sábado.

No HMDCC, a data é lembrada com uma ação que sensibilize para esse tema tão importante e ainda permeado de medo e preconceito.

Neste ano, a equipe multiprofissional dos Cuidados Paliativos desenvolveu um minicurso para preparar familiares para o cuidado em casa.

Deu certo!

“Um cuidado genuíno.”, descreveu Eliel Mansur de Souza Viana, 22 anos, que participou do encontro. De segunda a sábado, ele está aqui, no HMDCC, acompanhando a internação do seu pai Adibe Elias Viana. “Muito bacana essa iniciativa do hospital, demonstra um cuidado com o acompanhante, além de promover conhecimento”, completou.

“Aqui encontrei profissionais que nos ouvem e nos veem”, declarou Glaucineia Aparecida Teixeira, mãe de Christopher, 32 anos, que está internado no HMDCC desde o início de setembro. “Quem está nessa situação, sabe que para cuidar precisa de muitas gentes”, ponderou.

Um ex-paciente também foi convidado para o evento para compartilhar sua experiência com o público presente. Ele veio com a sua esposa, Barbara, e falaram sobre a perspectiva do acompanhante. “Eu olho para vocês e vejo asas”, afirmou Marlon Arlen, ao reencontrar parte da equipe que cuidou dele.

Com seis meses de internação no HMDCC ele contou sobre todas as dificuldades, dores e medos que passou até receber alta. “Eu costumo dizer, quando perguntam a minha idade, que tenho 2 anos e 4 meses de vida”, brinca. Esse é o tempo que se passou deste a alta hospitalar, após um caso grave de infecção por Covid-19 em 2021, até a participação dele no evento que ocorreu em 11 de outubro.

Com duração de duas horas, o minicurso abordou temas como dieta de conforto, nutrição, saúde bucal, reabilitação motora e física, direitos sociais, sofrimento da pessoa acamada, fadiga do cuidador e contou com profissionais de diferentes áreas de atuação: medicina, enfermagem, fonoaudiologia, terapia ocupacional, odontologia, serviço social, psicologia e nutrição.

Mais do que informações técnicas, o projeto avançou não só as fronteiras do hospital, ao conversar e cuidar de pessoas que não estão internadas, mas desbravou temas difíceis sobre os quais não se deseja conversar: o medo da morte, o tamanho da dor de ver um ente querido sofrer, a sensação de impotência, o desgaste emocional com as incertezas, o direito de olhar para si próprio sem se sentir egoísta. 

Diretor assistencial, ensino e pesquisa, Bruno Belezia parabeniza a iniciativa da equipe: “O evento traduziu com muita sensibilidade a missão do cuidado paliativo unindo acolhimento, informação técnica, compaixão e transparência. Valorizou o que cada cuidador tem de melhor para oferecer ao seu familiar querido, que se encontra em um momento de provação e sofrimento: o seu tempo disponível.”

Uma frase famosa do médico norte-americano Hunter Doherty ‘Patch’ Adams sintetiza essa ideia de ser presença ativa na vida do outro e foi compartilhada no enconrto. “Ao cuidar de uma doença, você pode ganhar ou perder. Ao cuidar de uma pessoa, você sempre ganha.”

Bruno Belezia destaca o testemunho final de Marlon e de sua esposa Bárbara. “Emocionaram a todos e desmistificaram a ideia de que cuidado paliativo somente é acionado para quem vai morrer. Ao contrário, a presença da equipe de paliativistas ao lado do paciente, da família, do cuidador e da equipe multiprofissional assistente celebra a VIDA e nos torna mais benévolos para a nossa atuação diária no HMDCC”, finaliza.