Um simpósio inédito em Minas Gerais reuniu referências nacionais e mineiras para aperfeiçoar o cuidado integral e em rede às pessoas com doença falciforme, a enfermidade genética mais frequente no mundo e com alta prevalência em populações afrodescendentes.

Iniciativa do Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro (HMDCC), o evento aconteceu nos dias 19 e 20 de junho. Foram nove palestras, uma mesa redonda, um público aproximado de 250 pessoas com representações da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte (SMSA-BH), dos hospitais da Rede SUS-BH e da Rede Fhemig, Fundação Hemominas, Hemorio e empresas de diagnóstico e laboratórios de Minas e São Paulo, além de organizações da sociedade civil, pacientes, estudantes e residentes.

O Simpósio Interinstitucional Cuidados Hospitalares Pessoa com Doença Falciforme nasceu com a intenção de qualificar o cuidado com esses pacientes e com a premissa da abordagem multiprofissional.

“Falar sobre doença falciforme é falar de uma grande luta por direitos. Luta por assistência adequada, por profissionais preparados para o atendimento e por respeito. Um cenário bem conhecido por nós, defensores do SUS. Para um tratamento adequado, o paciente precisa de atenção multidisciplinar e, desde 2018, o Hospital Célio de Castro se tornou uma das referências da capital mineira para internações decorrentes das complicações da doença.”, declarou a diretora executiva do HMDCC, Cristina Peixoto.

Estudante de medicina da UFMG, Aryadne Barbosa, 32 anos, tem a doença falciforme, participou do evento e já foi paciente do HMDCC. Ela avalia a iniciativa como “extremamente importante” para o paciente com doença falciforme.

Ela conta que foi a primeira vez que participou de um evento desse porte, “com conteúdo denso voltado aos profissionais da área da saúde”. “Acredito ter sido um luxo participar, como paciente e estudante, principalmente pela sensibilidade com que os temas foram tratados e por ver a discussão da doença ser tratada de forma multidisciplinar. A luta é nossa, como paciente, mas pode ser ampliada para todos que estão envolvidos no cuidado. Fiquei muito feliz, muito feliz mesmo.”

As discussões do Simpósio foram conduzidas na perspectiva multiprofissional com a abordagem de temas como diagnóstico, tratamento da crise álgica, síndromes torácica aguda e de hiper-hemólise, tratamento do acidente vascular cerebral, transfusão, aspectos imuno-hematológicos, fenotipagem eritrocitária e profilaxia da aloimunização.

Doença falciforme
Hereditária, a doença falciforme possui curso crônico e pode se manifestar de forma leve, moderada ou grave, dependendo do tipo de herança genética e das características do indivíduo.

É uma doença crônica, degenerativa e autoimune e, portanto, exige cuidado integral que inclui atenção intersetorial e multiprofissional, além da participação da família e comunidade. Entre as pessoas adultas com a doença, não são raras as situações de desemprego, empregos intermitentes ou trajetórias escolares interrompidas, justamente em função das dificuldades provocadas pela doença.

O Simpósio Interinstitucional Cuidados Hospitalares à Pessoa com Doença Falciforme foi uma realização do Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro (HMDCC) em parceria com o Hospital Metropolitano Odilon Behrens (HMOB), Fundação Hemominas e Associação de Pessoas com Doença Falciforme de Minas Gerais (Dreminas).

Prêmio João Batista
Na abertura do evento, em 19 de junho, a presidente da Associação das Pessoas com Doença Falciforme de Minas Gerais, Dreminas, Maria Zenó Soares entregou ao Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro o Prêmio João Batista. A honraria foi recebida pela diretora executiva do HMDCC, Cristina Peixoto. 

“Como o Hospital Célio de Castro é uma referência para nós enquanto hospital de retaguarda, e oferece um atendimento humanizado, atencioso e respeitoso, a gente acredita que ele merece esse prêmio, porque é amigo da pessoa com doença falciforme”, declarou Maria Zenó.

João Batista foi um dos fundadores da Dreminas, um homem que transformou o sofrimento com a doença em superação para ajudar outras pessoas.

O prêmio foi criado com o objetivo de homenageá-lo e também para homenagear e agradecer pessoas dos serviços públicos, sociedade em geral e instituições que respeitam as peculiaridades da doença falciforme.

Recebem a honraria pessoas e instituições que têm um olhar diferenciado em relação às pessoas com doença falciforme.