O Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro (HMDCC) recebeu nesta quarta-feira, 27 de março, a Dra. Luciana Dadalto para conversar com a equipe sobre autonomia do paciente, tema que vem crescendo em relevância no país, mas ainda esbarra em valores culturais arraigados e em temas tabus como a morte.
Auditório lotado e olhos atentos para ouvir a doutora em ciências da saúde, referência nacional em testamento vital, cuidados paliativos, bioética, direito médico e questionar pensamentos e sentimentos que permeiam a relação profissional de saúde e paciente.
“A autonomia do paciente não é um valor em nosso país. Os médicos são forjados para salvar vidas a qualquer custo, mas a verdadeira função da medicina é cuidar de quem está sofrendo.”, provocou a advogada, professora e escritora Luciana Dadalto.
A palestrante ressaltou a importância de o paciente ser respeitado enquanto pessoa autônoma, da disseminação da prática do testamento vital na sociedade, do direito ao diagnóstico, da necessidade de capacitação para a comunicação de notícias difíceis, do diálogo honesto e da escuta ativa para ouvir o que faz sentido para os pacientes.
“A vida não é só biologia, mas também biografia. Quando o foco é curar, olhamos só para a vida biológica. Quando falamos de cuidado, olhamos para a vida biológica e a vida biográfica.”, destacou.
Luciana Dadalto também citou estratégias de fortalecimento da autonomia do paciente nos serviços de saúde: o planejamento dos cuidados para personalizar o plano terapêutico, a compreensão acerca do direito de saber, a participação ativa dos profissionais de saúde na aplicação do termo de consentimento livre e esclarecido, o compartilhamento de decisões com os pacientes e a instrumentalização da autonomia através de documentos de diretivas antecipadas de vontade.
“Não podemos alimentar o cerco do silêncio. Estudos evidenciam que as pessoas que conseguem organizar o fim de suas vidas e planejar o funeral dão às famílias lutos menos complicados.”, pontuou.
Para a especialista, os julgamentos a partir do que é valor para o profissional de saúde podem prejudicar o cuidado ao paciente. “Não é preciso aceitar para respeitar.”, afirmou. Ela também citou decisões do judiciário brasileiro que sinalizam para a mudança de paradigma em que autonomia do paciente tem ganhado cada vez mais força.